terça-feira, 10 de novembro de 2009

O menino selvagem

Atualmente, além de existirem muitas soluções tecnológicas para a comunicação dos surdos, como : telefone para surdos, relógios vibratórios para surdos, sinalizadores luminosos, muitas outras conquistas vêm garantindo as pessoas surdas acesso a serviços de saúde, educação e lazer, porém, nem sempre foi assim e ainda falta muito para a inclusão social efetiva dessa comunidade !!!
Assisti ao filme “O menino selvagem”, dirigido por François Truffaut e baseado no livro de Jean Itard, médico francês. O filme fala sobre a vida de um menino selvagem que vivia na floresta de Aveyron, no sul da França, com lobos, afastado dos seres humanos, emitia grunhidos e sons estranhos, cheirava tudo que levava às mãos e sua locomoção era como a dos animais. No filme, o médico Itard, se interessa pelo menino e pensa ser interessante examiná-lo e determinar o seu grau de inteligência, ele acredita que é possível educá-lo e reintegrá-lo a sociedade e, diferente de outros estudiosos da época, pensava que o menino selvagem, era apenas uma criança que havia sido isolada, privada de educação e que não deveria ser isolada, nem rejeitada pela sociedade. Desta forma, Itard, propõe educá-lo e luta por sua administração, por sua guarda. No filme, o médico e professor, tentou desenvolver a oralização em Victor, o menino selvagem e testava várias maneiras de ensiná-lo, utilizando o método da associação da palavra com a imagem e o som, fazendo o uso de castigos e recompensas na educação do menino. Conforme estudos sobre a vida de Jean Marc Gaspard Itard, a sua experiência com a educação de Victor, influenciou seu trabalho com surdos, posteriormente. Ele é conhecido como o grande defensor da corrente pedagógica chamada de Oralismo.
Assim como Victor, o menino selvagem, no passado, os surdos eram vistos como sujeitos estranhos, considerados inferiores, objetos de curiosidades da sociedade, anormais ou doentes. Na idade média, existiam leis que proibiam os surdos de receberem heranças, de votar e de usufruírem de todos os direitos como cidadãos, sendo que na idade moderna, o monge beneditino Pedro Ponce de Leon, defendeu o direito à herança e o Fray de Melchor Yebra, de Madrid, escreveu um livro, que descreve e ilustra o alfabeto manual da época. Em 1778, Samuel Heinicke, fundou a primeira escola de oralismo, a qual possuía 9 alunos surdos. Mais tarde, Abade Charles Michel de L’Epée “conheceu duas irmãs gêmeas surdas que se comunicavam através de sinais, iniciou e manteve contato com os surdos carentes e humildes, procurando aprender seu meio de comunicação e levar a efeito os primeiros estudos sérios sobre a língua de sinais”. Ele fundou a primeira escola pública para os surdos e ensinou inúmeros professores para surdos, sendo que em 1864 foi fundada a primeira universidade nacional para surdos. Alexander Melville Bell, Professor de surdos, inventou um código de símbolos que utilizava desenhos dos lábios, garganta, língua, dentes e palato, para que os surdos repetissem os movimentos e os sons indicados pelo professor.
Felizmente, hoje a língua de sinais é aceita como a língua natural da comunidade surda, pois, conforme a história, ela estava proibida desde 1880, quando, no Congresso Internacional sobre Educação de Surdos em Milão, foi estabelecido que os surdos deveriam ser educados pelo método do oralismo e a partir de então, a língua de sinais foi oficialmente abolida, proibida de ser utilizada por mais de cem anos na educação de surdos do mundo todo, sendo que em 2005, um decreto assinado pelo presidente Lula, além de tornar a LIBRAS disciplina obrigatória nos cursos de magistério e fonoaudiologia, determinou a contratação de intérpretes em repartições públicas.


Bibliografia
STROBEL, Karin. História da educação de surdos. 2008 (Desenvolvimento de material didático ou instrucional. Curso de Letras-Libras à distância). 2008, p. 32

Um comentário:

celilutz1 disse...

Olá Ana Cristina:
Que bela caminhada já se fez em termos de inclusão, mas, por outro lado, o quanto que ainda temos a trilhar. Fizeste uma bela tecetura, trazendo diferentes fontes. Joia!
Conheces o trabalho realizado pela APADA, aqui em Sapiranga? Vale a pena conferir.
Abraço.
Celi