sábado, 26 de junho de 2010

Resistência a tecnologia

Durante o período em que realizei meu estágio curricular, com uma turma de EJA - 1ª,2ª e 3ª etapas - alfabetização, apesar de deixar sempre claro aos alunos que a utilização do microcomputador como ferramenta para o aprendizado da leitura facilitaria o reconhecimento dos símbolos em materiais impressos, em razão da proximidade que esses tem com o computador e que a utilização desses recursos digitais além de interessantes para a aprendizagem da leitura e escrita, seriam necessários para torná-los alfabetizados digitais, as atividades que envolviam informática foram desprezadas pela maioria dos alunos. Mesmo assim, proporcionei atividades no laboratório de informática em quintas-feiras. No início, os alunos não sabiam como usar o mouse e não estabeleciam relação entre o movimento do mouse e o efeito do cursor na tela, mas pouco a pouco foram se habituando. Fiquei muito impressionada, pois, apesar da escola possuir dois laboratórios de informática, os alunos não utilizam-os, os primeiros contatos que tiveram com a tecnologia, creio, foram proporcionados por mim. Não é fácil conceber que num mundo tão informatizado, ainda existam pessoas que não tiveram nenhum contato com computadores.

Quadro silábico

Durante o período de estágio, não adotei nenhum método específico para a alfabetização de meus alunos, acabei utilizando o que julgava mais interessante dos métodos que conhecia. O nome das letras, seus respectivos sons, suas formas (maiúscula, minúscula e manuscrita) e a combinação das letras formando sílabas, foram técnicas bastante utilizadas em minhas aulas. A combinação das sílabas, para a construção de palavras, a análise da palavra num todo para chegar às partes que a compõem, criando novas palavras. A utilização de palavras geradoras para a descoberta das estruturas silábicas, a composição das famílias silábicas e a criação de novas palavras. Uma ferramenta muito utilizada e que provocou grande progresso na aprendizagem dos alunos, foi a utilização do quadro silábico. Nossas primeiras aulas foram em uma sala do segundo andar da escola, pelo fato de ser mais tranqüila, sem alunos e outras turmas no corredor. A sala era utilizada por duas classes de alfabetização de crianças nos turnos opostos, sendo que não tínhamos espaço para prender nossos materiais, desta forma, acabávamos utilizando os materiais confeccionados pelas professoras do turno inverso. O quadro silábico fazia parte deste material. Como em minha turma tinha alunos dos diferentes níveis de escrita, comecei a utilizá-lo em minhas explicações para os alunos mais adiantados e aos poucos fui introduzindo com os outros alunos, frente aos resultados positivos da utilização deste material. Percebi um salto no processo de aprendizagem dos alunos, o quadro silábico acabou virando uma espécie de fonte de consulta para eles, aos poucos os alunos foram se familiarizando com o quadro silábico, sendo que quando trocamos de sala de aula, para retornarmos ao piso térreo, a pedido de um aluno de minha turma por problemas de saúde, tive que construir com os alunos um quadro silábico da turma, à pedido deles, visto que em nossa nova sala não havia um.

sábado, 19 de junho de 2010

Utilização de material concreto nas atividades de matemática

Em sua obra Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, 1996, Paulo Freire defende a idéia de que o professor não deve transferir o seu conhecimento como um dono das verdades absolutas e inquestionáveis, mas criar possibilidades para que o aluno construa o seu próprio saber.
Partindo deste princípio e levando em consideração que precisaria desenvolver em meus alunos o gosto pela matemática, procurei, durante o período de estágio realizar atividades problematizadoras e utilizei muito o material concreto, através da manipulação da base 10.
A utilização do material concreto no ensino da matemática, permite que o aluno se torne agente ativo na construção de seu próprio conhecimento, pois, a manipulação, permite a visualização das ações e portanto a compreensão dos conceitos matemáticos. Além disso, o material concreto torna as aulas mais interativas, incentiva a busca, o interesse, a curiosidade e o espírito de investigação, a criação de hipóteses, a descoberta de soluções, enfim, viabiliza a aprendizagem através da construção e/ou reconstrução e ampliação de significados matemáticos. Outra vantagem do material concreto, é que ele permite além de visualizar a operação, voltar a estágios anteriores de raciocínio, o que se revela de difícil consecução apenas pelo cálculo abstrato.

sábado, 5 de junho de 2010

Refletindo sobre o estágio

Oito semanas de estágio, 25 noites de efetivo contato com os alunos, muitas experiências e reflexões, que levam a conclusão de que, promover com sucesso a alfabetização de alunos jovens e adultos e superar o analfabetismo são desafios que requerem muita atenção, cuidados e dedicação.
Inicialmente o educador precisa imergir na realidade a qual está atuando. Cada aluno é protagonista de histórias reais, valores éticos e morais formados a partir da experiência, do ambiente e da realidade cultural em que está inserido. São homens e mulheres com crenças e valores já constituídos, com históricos escolares, ritmos de aprendizagens e estruturas de pensamento completamente distintos. Pessoas que, geralmente apresentam características bem marcantes como baixa auto-estima e sentimentos de insegurança e de desvalorização pessoal frente aos novos desafios que se impõem, o que exige uma certa postura do educador para que situações de fracasso escolar não ocorram, promovendo a evasão escolar.
Frente a isto, um de meus maiores cuidados foi o de jamais propor algo que afastasse os alunos da escola. E confesso que executar o estágio conforme a UFRGS nos ensinou e solicita é bastante complicado, pois, por mais simples que pareça, provocar uma discussão e dela tirar um tema, assunto que seja de interesse, para realizar com a minha turma foi muito, muito difícil e desgastante. Como não estava atuando em sala de aula e não conhecia os alunos, suas histórias e curiosidades, utilizei os primeiros encontros para conhecê-los, fazer registros sobre suas realidades, curiosidades, interesses e expectativas. Quando iniciei as atividades, imaginava que seria muito mais fácil alfabetizar adultos do que crianças, e pensava também que seria bem simples construir um Projeto de Aprendizagem com eles, com o passar do tempo, percebi que estava muito enganada, pois, apesar de os alunos serem esforçados, terem mais experiências de vida do que as crianças, eles não são participativos, tem vergonha de se expôr, preferem ficar em silêncio e isso dificultou muito a construção de nosso Projeto de Aprendizagem. A primeira tentativa foi após as atividades da 18 º Feira do Livro de Sapiranga. No espetáculo Tangos e Tragédias existe o país Esbórnia, o qual tivemos a oportunidade de conhecê-lo durante a Feira, introduzi o assunto com os alunos e esperava que eles apresentassem durante o diálogo alguma curiosidade sobre o nosso mundo, país, estado, cidade, ou bairro. Apenas me disseram, durante o diálogo que queriam aprender "Matemática", "Ler" e "Escrever". Tentei incentivá-los elencando alguns temas, porém, não apresentaram curiosidades, não participaram do diálogo, ficaram mudos, fiquei muito frustrada, então, como não podia desistir, combinei que após o intervalo conversaríamos mais sobre o assunto e solicitei que pensassem a respeito. Após o intervalo comentei com eles que a turma da professora Kelli, que também é estagiária da UFRGS, havia escolhido o assunto (furacões). Pensei que surgiria algum tema, porém isso não ocorreu. Saí muito frustrada aquela noite da escola e pensei que não conseguiria encontrar uma saída. Passado alguns dias, para promover a segunda tentativa de iniciar um P.A. com a turma, apresentei aos alunos imagens variadas no Power Point (Planeta Terra, Sistema Solar, Água, Terremoto, Vulcão, Tornado, Animais diversos, Corpo Humano, Alimentos, Poluição, Natureza...) e perguntei individualmente aos alunos em relação as fotos que vimos, quais as nossas curiosidades a respeito desses assuntos, qual assunto que gostaríamos de trabalhar. Apesar da pouca participação e de muita insistência minha, conversamos sobre os assuntos e realizamos uma votação, sendo que o assunto escolhido foi MEIO AMBIENTE. Iniciados os trabalhos, percebi que não poderia aprofundar muito o assunto com os alunos, que o tema deveria ser simplificado ao máximo, desta forma, o caminho do P.A. foi o seguinte: compreender o que é meio ambiente, o que faz parte dele, qual a situação do meio ambiente, como devemos agir para termos um meio ambiente melhor. Embora o assunto seja interessante e eu tenha tomado todos os cuidados para simplificar ao máximo, afastando a idéia de uma desistência na turma, percebi que para eles, realmente o mais importante é conhecer as letras, ler e escrever, independente do assunto, tanto é que, foi muito difícil escolhê-lo. Se quisesse trabalhar as letras soltas, para eles, estaria tudo bem. Até mesmo a matemática, solicitada por um aluno, não parece ser tão importante para eles, mesmo percebendo que não reconhecem os números e não sabem calcular. Senti muita resistência no início, quando apresentava alguma atividade de matemática, sendo que precisei inseri-la aos poucos. Hoje, os alunos gostam das atividades de matemática e percebem sua importância.
Voltando ao assunto do P.A. nesta segunda-feira 07/06/2010, irei propor aos alunos a conclusão do texto em grupo, iniciado no laboratório de informática sobre o que aprendemos até o momento, para registrarmos em nosso P.A. Pretendo elaborar um mapa conceitual e perceber se é de interesse dos alunos continuar o assunto meio ambiente ou se desejam iniciar um novo P.A. Caso queiram continuar, temos muito assunto ainda, Morro Ferrabraz, por exemplo, caso contrário, finalizaremos o P.A., e iremos em busca de novos assuntos de interesse.