segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Letramento social e escola

Através da análise do texto “Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola (KLEIMAN, 2006)”, faço uma reflexão a partir de uma afirmação da autora referente ao papel da escola em não se preocupar com o letramento social, e sim, apenas com o letramento escolar.
Kleiman afirma que a escola não se preocupa com o letramento social e sim apenas com o letramento escolar, porque na escola predomina o modelo autônomo de letramento, modelo de letramento considerado equivocado por muitos pesquisadores, uma vez que essa concepção pressupõe que há apenas uma maneira de o letramento ser desenvolvido. Aprendemos o uso da leitura e escrita de forma sistematizada. A escola tende a considerar as atividades de leitura e escrita como universais, neutras, independentes dos determinantes culturais. A escola preocupa-se apenas com um tipo de prática de letramento, o processo de aquisição de códigos, a alfabetização, enquanto que outras agências de letramento, como a igreja, a família, mostram orientações de letramento muito diferentes. Na verdade este é apenas um tipo de prática, infelizmente dominante, que desenvolve alguns tipos de habilidades mas não outros, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita. Contrapondo a este modelo de letramento, existe o modelo ideológico, que defende a idéia de que as práticas de letramento são social e culturalmente determinadas e que os significados que a escrita assume para um grupo social dependem dos contextos e instituições em que ela foi adquirida.

Contribuições de Comênio para a didática

Fazendo uma análise a partir do texto “Metodologia de Ensino em Foco: práticas e reflexões”, de Johannes Doll e Russel Teresinha Dutra da Rosa, posso afirmar que, apesar da pedagogia de Comênio estar distante mais de 300 anos, ela apresenta elementos que encontro no meu cotidiano escolar. O fato de considerar cada aluno, respeitando suas necessidades e capacidades, por exemplo; a maneira de conduzir os conteúdos, não sobrecarregando as aulas, progredindo do mais fácil para o mais difícil; a motivação sempre presente nas aulas, alternando momentos de atividades, descanso e brincadeiras; a valorização do trabalho em grupos ou duplas, onde os alunos interagem, ensinam, realizam trocas do conhecimento com seus colegas; a valorização da “bagagem” que cada aluno traz consigo, suas experiências, são elementos fortes que marcam o cotidiano de minha sala de aula, presentes na pedagogia de Comênio.
Segundo o texto, um dos elementos importantes da pedagogia de Comênio é que a aprendizagem deve começar a partir dos sentidos e isso é claramente percebido no material didático “Orbis Pictus“, onde ele apresenta o som que a ovelha faz (bé é é), por exemplo. Penso que esse material era utilizado para apresentar as coisas do mundo aos alunos, através dos sentidos, forma visual (figura) e sonora. Acredito que a memorização também era trabalhada, assim como a relação entre a palavra e a letra inicial eram estabelecidas.

Um pouquinho sobre EJA

EJA e suas funções: reparadora, equalizadora e qualificadora

Segundo o Parecer CEB nº 11/2000, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, a EJA tem a função de reparar uma dívida social com milhares de pessoas que por questões sociais ou atendendo às necessidades do mercado de trabalho não tiveram acesso ao ensino na idade adequada. A EJA surge para iniciar um processo de universalização do conhecimento e término da centralidade do conhecimento. Podemos afirmar que ela é reparadora por oportunizar um direito negado, o direito a uma escola de qualidade, bem como pelo reconhecimento da igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. A função reparadora da EJA significa o acesso ao circuito dos direitos civis. Podemos afirmar que ela apresenta a função equalizadora pela oportunidade de servir de reentrada no sistema educacional aos que tiveram uma interrupção forçada pela repetência, evasão ou outras condições adversas. E pelo fato da EJA propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda a vida, podemos dizer que ela tem a função permanente ou qualificadora.

Pessoas surdas e ouvintes

As pessoas surdas são indivíduos que compreendem e interagem com o mundo por meio de experiências visuais em substituição a audição e a fala, utilizam a língua de sinais para se comunicar, que é uma língua que possui suas próprias regras gramaticais e se diferencia em cada país. Os surdos também possuem a cultura surda, que abrange a língua, as crenças, os hábitos e costumes do povo surdo, ou seja, a maneira do sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas.
Todas as pessoas sentem a necessidade de serem entendidas e o segredo para uma boa comunicação entre um ouvinte e uma pessoa surda é estabelecer um contato visual sem interrupções ou desvios, se o ouvinte não domina a língua de sinais, a fala de maneira clara, pronunciando bem as palavras, tentando ser bem expressivo através de expressões faciais, gestos, sinais e movimentos, cuidando sempre para manter o contato visual também valem, sendo que, se houver a necessidade, a comunicação pode ser através de bilhetes.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Escola Ideal

Dia desses tivemos a oportunidade de conhecer o professor da interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação e ele nos presenteou com uma aula muito interessante e bastante simples, que confesso para vocês, me fez refletir muito ! Entramos no mundo do faz de conta e imaginem que tivemos que brincar de extra terrestres e discos voadores...isso mesmo...fizemos de conta que fomos abdusidos ! E na nossa brincadeira tínhamos que imaginar que nossos amiguinhos do outro planeta queriam descobrir um pouco mais sobre o nosso mundo e tinham muita curiosidade em saber o que é uma ESCOLA ! A atividade foi muito bacana, mas, me assustei quando percebi que foi necessário fazer de conta que estávamos em um lugar onde não conheciam escolas para que pudéssemos montar a nossa escola dos sonhos, sem as interferências de nossos vícios e tradições ! Me espantei pelo fato de termos que nos distanciar de nosso mundo e de nossas escolas para imaginar como seria a escola perfeita. Mas para a alegria de todos percebi que não estamos tão longe do que julgamos ser o ideal !
Foi muito engraçado, pois, ao nos reunirmos em grupo eu fui logo enaltecendo o meu ponto de vista: a escola precisa ter regras ! Depois, refletindo um pouco até me assustei por ter sido essa a primeira característica a pensar, será que isso é realmente o mais importante ? E o resto ? Percebo que nem indo para tão longe, consegui me desprender das marcas enraizadas em mim. Mas...como é a escola ideal ?
Penso que a escola ideal deve em primeiro lugar conhecer a realidade daqueles que nela estão inseridos e quais são as suas expectativas e curiosidades. Ela precisa ter muita tecnologia e materiais diversos e interessantes que despertem a curiosidade dos alunos ! Precisa oportunizar aos que dela fazem uso, ambientes adequados e atividades diversas que desenvolvessem as artes e a ciência. E você ? Já parou para pensar como deveria ser a escola, para ela ser IDEAL ?

Fala aí, meu !!!

Muitas são as diferenciações que podem ocorrer em relação à fala ou à escrita. Não falamos, lemos e escrevemos sempre do mesmo jeito. Existem muitas “interferências” que modificam o conteúdo do que se fala e a maneira como se fala ! Isso tudo varia de acordo com as circunstâncias e os sujeitos envolvidos, dentre outras questões !
A maneira como falamos ao telefone com um amigo ou a forma que nos comunicamos através de um bilhete a um familiar são diferentes da maneira que apresentamos um trabalho oral e escrito da faculdade, pois, esses últimos exigem um grau de planejamento maior. O contexto de uso da linguagem, o lugar do qual falamos, os interlocutores, são aspectos que interferem na seleção do conteúdo e das estratégias do dizer.
A fala e a escrita variam também dependendo de cada indivíduo, seu nível sócio econômico, grau de educação, sexo, idade, meio social, dentre outros aspectos. Moradores do meio rural, por exemplo, por estarem em um ambiente menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preservam variantes antigas.
Desta forma, podemos dizer que, na verdade, não existe uma “língua padrão”, a linguagem, tanto oral como escrita, sofre alterações socioculturais. E a partir dessa perspectiva, diagnosticamos que a escola enfrenta um grande desafio, o de incorporar ao currículo essas demandas sociais e culturais e de articular mei¬os para responder a elas. O trabalho escolar precisa abrir espaço para a multiplicidade de discursos, abordar o "certo" e o "errado" em linguagem, através da apresentação dos recursos linguísticos presentes nos textos orais e escritos, aos alunos, onde os mesmos poderão visibilizar a diferen¬ça, possibilitando que incorporem a noção de uso ade¬quado ou não adequado da linguagem.

Marcas

Que marcas da sua prática pedagógica você gostaria de deixar nos seus alunos? Eis ai, uma pergunta que todos os educadores deveriam fazer durante aqueles momentos de auto avaliação, pois, as relações de ensino-aprendizagem no contexto escolar deixam marcas em nossas vidas e fazem parte da constituição dos indivíduos !
Segundo Miguel Arroyo, “as lembranças dos mestres que tivemos, podem ter sido nosso primeiro aprendizado como professores. (...) Repetimos traços de nossos mestres que, por sua vez, já repetiam traços de outros mestres. Esta especificidade do processo de nossa socialização profissional nos leva a pensar em algumas marcas que carregamos. São marcas permanentes e novas, ou marcas permanentes que se renovam, que se repetem, se atualizam ou superam”.
Concordo com ele ! Penso que muitos educadores deixaram suas marcas em mim ! Educadores das séries iniciais, do ensino médio, do ensino superior, educadores do magistério, e se alguns deles imaginassem o poder que tinham ... Quando era criança, lembro-me que brincava muito de escolinha, adorava imitar meus professores e ficava pensando que se fosse professora, com qual deles pareceria. Na verdade nunca sonhei em ser professora, brincava na época, mas não imaginava que quando ficasse adulta seria uma, mas, eis que aqui estou, praticamente concluindo o curso de Pedagogia e com uma boa e variada experiência em escolas ! Mas....como me vejo ? Com qual daquelas e daqueles mestres que marcaram tanto minha vida me pareço ? Que marcas eu, professora Ana quero deixar em meus alunos ? Respondendo a esta questão, tão pertinente, gostaria que minhas práticas pedagógicas marcassem meus alunos de maneira que ficassem seguros, que nunca desempenhassem o papel de meros expectadores, que possuíssem muita segurança, que a curiosidade estivesse sempre presente neles e que também soubessem lidar com as dificuldades, com os erros e com os desafios e que acima de tudo, lidassem bem com a diversidade e respeitassem o outro e a sua opinião.
Referências: Miguel Arroyo, Ofício de Mestre, 2002, p. 124