Paulo Freire, condenando o ensino oferecido na maioria das escolas que era caracterizado por uma educação bancária, alienante, acomodada, desenvolveu um pensamento pedagógico que objetivava conscientizar os alunos, desenvolver a criticidade, inquietá-los.
Semelhante a esse pensamento, foram os momentos e atividades que procurei propor aos alunos durante o período de estágio, promovendo a inquietação, a problematização, a criticidade, a conscientização, a autonomia e o movimento investigativo.
Adotando esse mesmo pensamento pedagógico, durante um dos primeiros encontros realizados com a turma, no período em que estava realizando sondagens e diagnósticos da turma, antes de iniciar o Projeto de Aprendizagem, certa noite, levei os alunos a ludoteca da escola para trabalharmos a matemática com material concreto. A idéia era que jogassem em grupos o jogo “Nunca dez”, cujos objetivos eram de que os alunos construíssem o significado do sistema de numeração decimal explorando situações-problema que envolvessem contagem, além de compreenderem e fazer uso do valor posicional dos algarismos. A turma foi dividida em dois grupos, cada grupo recebeu um kit do material dourado e dois dados comuns, o jogo consistia no seguinte: cada aluno, na sua vez de jogar, lançava os dados, contava quantos pontos havia feito e retirava para si a quantidade de cubos pequenos correspondente aos números sorteados nos dados, sempre que um jogador acumulasse um total de 10 cubos pequenos, deveria trocá-los por uma barra, e teria o direito de jogar novamente, sendo que o vencedor seria o primeiro a conquistar uma placa, trocando 10 barras por ela. Os alunos não estavam descontraídos, queriam voltar à sala de aula para realizarem um outro tipo de atividade, mais tradicional e que envolvesse escrita. Finalizamos a atividade e ao retornarmos a sala de aula, conversei com os alunos, questionando-os sobre suas atitudes. Percebi que o problema não era apenas o de estar em um local que não fosse a sala de aula, ou estar jogando, e sim que a matemática parece estar em segundo plano para eles. Como de costume, não conversaram muito, parece que sempre esperam que alguém fale por eles. Expliquei que não deveriam ficar angustiados, e que aquele tipo de atividade faria com que aprendessem certas coisas que necessitam, que não deveriam pensar que brincando, jogando não se aprende. E também que aprenderiam a ler e escrever com a matemática, pois carregam uma angústia pelo fato de não saberem ler e escrever e apostam tudo nos momentos em que estão em sala de aula, colocando de lado tudo o que julgam desnecessário para a aprendizagem da leitura e escrita. Naquele momento os alunos começaram a rir e se soltar e confirmaram que achavam que estavam perdendo tempo e que a maneira de aprender era utilizando o quadro, giz, lápis e caderno. O diálogo foi interessante. Combinamos que aos poucos, iríamos trabalhar matemática e de uma forma diferente da conhecida por eles. A atitude dos alunos deu início a reflexões que me acompanharam durante todo o período de estágio: Como trabalhar matemática com a minha turma ?; Porque da falta de interesse por parte dos alunos, tendo em vista o fato da matemática fazer parte do dia a dia de todas as pessoas ? ; Como diminuir esse apego que os alunos tem do método tradicional ?
Penso que a utilização do material concreto, permite que o aluno se torne agente ativo na construção de seu próprio conhecimento, pois, através da visualização, manipulação, observação e criação de hipóteses, poderá estabelecer relações entre as situações experienciadas e a abstração dos conceitos estudados. Além disso, com o uso do material concreto, o aluno pode visualizar a operação realizada e também voltar a estágios anteriores de raciocínio, tarefa essa, muito mais difícil de ser realizada apenas no cálculo abstrato. Além de tornar as aulas mais interativas, a utilização do material concreto incentiva a busca, o interesse, a curiosidade e o espírito de investigação, a descoberta de soluções, enfim, viabiliza a aprendizagem, construindo/reconstruindo e ampliando significados matemáticos.
terça-feira, 13 de julho de 2010
Escolha do tema do TCC
Durante o período de estágio, muitas experiências foram vivenciadas, dando origem a muitas questões, inquietações e reflexões: a resistência por parte dos alunos em relação ao novo, o apego em relação a atividades mais voltadas a uma educação tradicional, a falta de interesse em relação à tecnologia, o receio de que com atividades mais descontraídas e através da realização de jogos não se obtém aprendizagem, porém o que mais aguçou o meu interesse para uma possível pesquisa e trabalho de conclusão de curso, foi em relação aos métodos de alfabetização e o desenvolvimento de processos construtivos necessários ao aprendizado da leitura e da escrita.
Justifico minha escolha pelo seguinte: minha turma de estágio era composta de 9 alunos, com idades que variavam entre 17 e 63 anos. No início do estágio, apenas dois alunos apresentavam leitura com pouca prática e escrita deficitária, ou seja, sabiam ler vagarosamente, recorrendo ao silabado ou soletrado, muitas vezes perdendo o sentido das frases e escreviam com problemas ortográficos, de estrutura de frases e de pontuação, os demais alunos, sequer conheciam as letras do alfabeto. No final do estágio, aqueles alunos que estavam mais avançados, liam perfeitamente, compreendendo a mensagem do texto lido e já escreviam com menos problemas ortográficos. E os alunos que mal conheciam as letras, já reconheciam todas as letras do alfabeto, escreviam e liam sílabas e alguns conseguiam ler e escrever palavras simples. Esse progresso no desenvolvimento dos alunos e todas as experiências que vivenciei com eles, despertaram um grande interesse em compreender melhor como ocorre o processo de alfabetização.
Justifico minha escolha pelo seguinte: minha turma de estágio era composta de 9 alunos, com idades que variavam entre 17 e 63 anos. No início do estágio, apenas dois alunos apresentavam leitura com pouca prática e escrita deficitária, ou seja, sabiam ler vagarosamente, recorrendo ao silabado ou soletrado, muitas vezes perdendo o sentido das frases e escreviam com problemas ortográficos, de estrutura de frases e de pontuação, os demais alunos, sequer conheciam as letras do alfabeto. No final do estágio, aqueles alunos que estavam mais avançados, liam perfeitamente, compreendendo a mensagem do texto lido e já escreviam com menos problemas ortográficos. E os alunos que mal conheciam as letras, já reconheciam todas as letras do alfabeto, escreviam e liam sílabas e alguns conseguiam ler e escrever palavras simples. Esse progresso no desenvolvimento dos alunos e todas as experiências que vivenciei com eles, despertaram um grande interesse em compreender melhor como ocorre o processo de alfabetização.
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Estágio de docência
O estágio de docência proporcionou momentos de intensa reflexão crítica de minhas ações pedagógicas. A interação com a comunidade escolar, o planejamento, a execução e a avaliação das atividades docentes, promoveram uma inquietação frente ao fazer pedagógico, ressignificando minhas práticas.
Ao iniciar a prática, acreditava que a turma seria crítica, participativa e que seria muito fácil a construção de um projeto de aprendizagem, arquitetura pedagógica escolhida para ser desenvolvida durante o período de estágio. Porém, as experiências presenciadas me demonstraram que esse processo não seria tão fácil assim. A começar pela crença e apego dos alunos no modelo tradicional de escola, característica da turma, que não fazia parte de minhas expectativas iniciais e que passou a ser objeto de intensa reflexão durante esse período. Precisei aprender a aceitar a realidade de minha turma e equilibrar as atividades que os alunos queriam, introduzindo aos poucos, as valorizadas por mim.
Esse período foi fundamental, tanto para a minha formação e aprimoramento, quanto para o meu futuro profissional, pois, me encontrei nas classes de EJA, descobri que esse é o caminho que pretendo seguir daqui para frente, alfabetização de jovens e adultos.
Ao iniciar a prática, acreditava que a turma seria crítica, participativa e que seria muito fácil a construção de um projeto de aprendizagem, arquitetura pedagógica escolhida para ser desenvolvida durante o período de estágio. Porém, as experiências presenciadas me demonstraram que esse processo não seria tão fácil assim. A começar pela crença e apego dos alunos no modelo tradicional de escola, característica da turma, que não fazia parte de minhas expectativas iniciais e que passou a ser objeto de intensa reflexão durante esse período. Precisei aprender a aceitar a realidade de minha turma e equilibrar as atividades que os alunos queriam, introduzindo aos poucos, as valorizadas por mim.
Esse período foi fundamental, tanto para a minha formação e aprimoramento, quanto para o meu futuro profissional, pois, me encontrei nas classes de EJA, descobri que esse é o caminho que pretendo seguir daqui para frente, alfabetização de jovens e adultos.
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