Ao longo da história da escola, diferentes maneiras de planejar o ensino tem sido “experienciadas” em nossas escolas. Vocábulos como: “currículo transversal”, "interdisciplinariedade", "educação global", "centros de interesse", "metodologia de projetos", "globalização", parecem traduzir semelhantes filosofias que aparecem, desaparecem e reaparecem com uma certa freqüência. Parece-nos que esse vaivém, no fundo trata-se apenas do mesmo e eterno problema, que ainda não foi resolvido definitivamente: o da relevância do conhecimento escolar e a interdependência existente entre a esfera econômica e a educacional.
Para compreendermos as inovações, reformas, políticas e práticas educacionais é preciso compreender suas razões e os discursos aos quais elas se baseiam, pois elas estão intimamente relacionadas ao funcionamento dos sistemas de produção e distribuição no âmbito empresarial. Elas estão impregnadas de discursos, ideais e interesses gerados e compartilhados por outras esferas da vida econômica e social e cada modelo de produção e distribuição requer pessoas com determinadas capacidades, conhecimentos, habilidades e valores.
Infelizmente, ainda observamos escolas cuja organização dos currículos que reina é a do modelo linear disciplinar, forma de organização que presta insuficiente atenção aos interesses dos estudantes, à sua experiência prévia, seus níveis de compreensão, ritmos, relações pessoais entre estudantes e professores, tendo em vista o desmembramento das disciplinas, privilegiando o livro didático, ao invés de valorizar as prática e o conhecimento do aluno. O modelo linear disciplinar, resulta na falta de nexos entre as disciplinas e o decorrente esforço de memorização que tal fato acarreta, devido à falta de significação ao aluno pela visão individualizada do conteúdo e centrada nele. Infelizmente, conteúdos abstratos, desconexos, ainda são uma realidade, resultando em homens e mulheres pouco críticos e participativos, visto que seus resultados práticos contribuem para impedir a reflexão crítica sobre a realidade e a participação na vida comunitária. Os conteúdos abstratos, desconexos, não permitem aos alunos e alunas compreenderem a sociedade em que vivem. A interdisciplinariedade, em contrapartida, favorece o desenvolvimento de aptidões, tanto técnicas como sociais, que os ajudam em sua localização na comunidade de forma autônoma, crítica e solidária. Para que tal objetivo seja alcançado, há temas, questões e problemas que precisam ser trabalhados e que não se enquadram, na maioria das vezes, nas áreas de conhecimento tradicionais e, conseqüentemente, não fazem parte dos "currículos por disciplina" surgidos com a modernidade, sendo, pois, excluídos das salas de aula. A compartimentação da cultura em matérias, temas, prejudica o desenvolvimento do conhecimento ao contrário do que se supunha, que possibilitariam o aprofundamento de cada tema, que posteriormente seriam magicamente interligados na mente do aluno.
Vivemos a era do conhecimento, onde não basta operar máquinas como um braço extra de um mecanismo industrial, é preciso ter informação e atitude. E para que se tenha postura, é necessário que se ensine desde cedo a pensar, agir, interagir e principalmente, avaliar de maneira crítica e compreender o significado inerente a cada coisa.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Olá Ana Cristina:
Muito significativas, profundas as reflexões que trazes. Para qualificar ainda mais a tua postagem poderias citar trecho(s) do autor/texto no qual te baseaste, exercitando o trabalho com evidências/argumentos. Fica o desafio.
Abração.
Celi
Postar um comentário